prometo-te, que nunca te irei prometer nada

A tua ausência de palavras tornou-se imperativa. Logo soube que já não me querias por perto, pois ainda hoje te conheço melhor do que pensas, mas fingi não entender porque, apesar de tudo, fazias-me bem. Queria demonstrar-te que estava ali para tudo e contra todos, mesmo que me tentasses evitar a todo o custo. Mesmo com lágrimas nos olhos, arranjava forças para te dizer que nunca me irias perder. Era verdade. Queria-te mais do que qualquer outra coisa. Rapidamente te tornaste no meu sorriso matinal, a razão pela qual arranjava forças para sobreviver durante mais um dia. Por ti, valia a pena passar por cima de todas as tempestades, como se nada fossem. Por ti, por nós.
Mas tudo isso mudou, num abrir e fechar de olhos. As desculpas que inventavas nunca me convenceram. Fazias-te de ocupado com tudo, apenas para não enfrentares a realidade. E quando o fizeste, mentiste-me descaradamente, como se não conhecesse já as cartas com que jogavas. Mas eu calava-me, esperando calmamente que no turbilhão de palavras que te apressavas em dizer para me explicar algo, houvesse uma ponta de verdade. Nunca soube. Ainda hoje me pergunto se alguma vez foste honesto comigo, ou se apenas te ocupaste em brincar com os meus sentimentos.
Às vezes, gostava de não te conhecer desta maneira, para que me pudesse perder novamente no encanto com o qual me fizeste apaixonar por ti. Pelo doce da tua voz. Pelo miúdo que, nos meus braços, demonstrava todas as fraquezas que o sorriso escondia.
Agora apenas espero que percebas o porquê de nunca te ter prometido nada.