emptiness inside

Há que ter sempre em atenção aquilo que se passa dentro de nós, mas é impossível traduzir para qualquer língua. Só nós sabemos realmente o que nos vai na alma. Se as pessoas soubessem o turbilhão que existe dentro de mim, escondido no silêncio, não me perguntariam se está tudo bem. Simplesmente sabê-lo-iam. Saberiam que cada sorriso esconde uma dor profunda, uma fraqueza. Tenho descoberto por experiência própria, da pior maneira, que querer e conseguir não possuem o mesmo significado. Que só conseguimos quando queremos, sendo o contrário impossível. E que este oásis pode muito bem ser mais uma miragem no meio do nada.
É doloroso deixar aquilo que mais queremos neste mundo escapar-nos literalmente pelas mãos, por não o podermos manter constantemente connosco. Atrevo-me a dizer que se assemelha a uma brincadeira de criança: num momento temos tudo em nosso poder, mas se nos atrevermos a fechar os olhos, quando os abrirmos já tudo desapareceu sem deixar rasto, perdido para sempre nos nossos medos e inseguranças. Damos demasiado de nós a quem nada nos dá, e não partilhamos o suficiente quando nos dão muito. Já se tornou num grande ciclo vicioso sem saída possível. De qualquer das formas, perdemos sempre um bocadinho de nós, aquele ínfimo pedacinho que partilhámos e que ficará para sempre, exactamente no sítio onde o deixámos. Daí que, quando nos entregamos de corpo e alma, somos cada vez menos nossos e cada vez mais do nosso amor. Tornamo-nos parte dele, até que venha a saudade e ocupe o seu lugar.